E
eu olho pra bagunça em meu quarto tentando encontrar um sentido em tudo isso.
Não é só a cama cheia de roupas ou maquiagens espalhadas na cômoda. É a
minha vida perdida em meio a tanta desordem. Onde já não encontro espaço para
deitar-me, tampouco o que vestir para sair. Onde no espelho reflete meu rosto
lavado e insatisfeito, tentando encontrar o batom vermelho que demonstre alguma
atitude inexistente, mas disfarçável. Sabendo que no mundo lá fora
pouco se importam para o que esses lábios possam dizer ou já disseram. E
minha roupa aparentando despreocupação e indiferença - contradizendo ao fato da
demora de tê-la escolhido-, só aumentará a curiosidade patética dessas pessoas
que acham que te conhecem só por olhá-la uma mísera vez. Mal sabem que as
pessoas se escondem, se camuflam e se contradizem por simples insatisfação e
medo de ser quem realmente é. A sociedade te impõe ao ridículo,
e você caí que nem tolo, até que se canse e que já não caiba mais na cama, até
que não encontre nada do que procura, e perceba, por fim, que é melhor
organizar a bagunça, não só no quarto, mas na mente e na vida.