Às vezes
sou um vento forte, às vezes uma leve brisa. Uma ventania capaz de tirar tudo
do lugar ou um sopro doce que lhe faz sentir arrepios. Às vezes sou o Sol que
brilha forte, em outras a Lua na escuridão. Não deixo de brilhar, porém às
vezes me escondo. Às vezes sou o preto básico, às vezes o laranja florescente.
Combino com tudo ou afasto todos. Eu posso ser a caneta ou o lápis. De qualquer
escolha deixo marcas, uma mais forte, a outra nem tanto. Sou uma ferida que
não cicatriza, mas não dói. Sou uma tempestade nos dias de sol. Inundo
tudo e, logo depois, me transformo em um arco-íris. Às vezes sou o
som leve de um violão, às vezes a batida pesada de uma bateria. Sou uma música
de fases, que muda o ritmo sem aviso. Sou o filme de comédia ou o livro de drama.
As imagens que me fazem rir e as páginas escritas que me fazem chorar. Sou a
voz tímida ou os gritos impulsivos. O breve barulho ou o profundo
silêncio. Sou o olhar retraído ou aquele que encara. Tem medo. Tem
vergonha. Tem coragem. Tem vontade. Às vezes sou um abraço acolhedor ou o
aperto de mão mais frio. Sou o ombro pra chorar, as palavras certas para
aconselhar. Sou o sorriso com o olhar triste ou o olhar feliz tentando se
esconder. Sou algum motivo sem motivos. Às vezes a escuridão com todas as luzes
acesas. Olhos fechados. O sono pesado ou a insônia. Pensando. Sonhando. Eu posso ser tudo.
Diversos sentimentos ao mesmo tempo. Eu posso ser nada. Um vazio capaz de deixar qualquer um
desesperado. Sou uma grande contradição.